quinta-feira, 4 de setembro de 2008

SÓ ACONTECE AOS OUTRO - MARIA ANTÓNIA PALLA


O LIVRO
"Conceição Massano Santos, vinte e dois anos, casada, mãe de uma filha de dois anos, vai ser julgada em 3 de Julho de 1979, no 1º. Juízo Criminal de Lisboa, por ter abortado há 3 anos, quando ainda era solteira e estudava na escola de enfermagem de Portalegre."
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No 1º. juízo Criminal de Lisboa, joga-se a sorte de uma família. Mas, mais do que isso, a esperança de uma boa parte da população que acreditou e continua a acreditar que «tudo vai para melhor».
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«Quando é que os partidos em quem a gente votou mudam esta lei ?»
A pergunta foi feita na Aldeia dos Fernandes. Quem lhe dará resposta ? "
Junho de 1979
Extraído de Só Acontece aos Outros / Maria Antónia Palla
A AUTORA
Maria Antónia Palla nasceu no Seixal em 10 de Janeiro de 1933.
Aos quatro anos, foi viver para Lisboa, mas até aos 10 anos regressava ao Seixal frequentemente para férias.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1968, entrou para o “Diário Popular”, sendo uma das primeiras mulheres a integrar uma redacção, com tarefas indiferenciadas. Trabalhou depois em diversos jornais, revistas e televisão, nomeadamente no “Século ilustrado”, “Vida mundial” ANOP (Agência de Noticias), “A capital” RTP, tendo cessado a actividade profissional activa como chefe de redacção da revista Máxima.
Antes do “25 de Abril”, como jornalista e no quadro das actividades da Oposição Democrática, empenhou-se na defesa da liberdade da informação e pugnou pelos Direitos das Mulheres, acção que prosseguiu após 1974. Foi membro eleito do Conselho de Imprensa e foi a primeira mulher eleita para Vice-Presidente do Sindicato dos Jornalistas, depois de ter presidido o Conselho de Deontologia do mesmo sindicato. Foi fundadora e presidente da Liga dos Direitos das Mulheres.
Entre 1974 e 1976, manteve, com a jornalista Antónia de Sousa, um programa quinzenal na R.T.P., “Nome-Mulher” que inventariou e debateu os problemas da “condição feminina” e registou as acções mais representativas das lutas das mulheres no período revolucionário.
Nos últimos anos, na decorrência da linha de pensamento que norteou a sua vida, pautada pelos valores da liberdade, igualdade e solidariedade, tem-se dedicado aos problemas africanos, sendo membro da direcção do “Forum Português para a Paz e Democracia em Angola”.
Foi Presidente da Caixa de Previdência dos Jornalistas (1997-2007), tendo sido a primeira mulher a exercer esse cargo.
Tem publicados os seguintes livros: Revolução, meu amor (1969) da Editora Prelo - apreendido pela PIDE/DGS; Só Acontece aos Outros – crónicas de violência (1979) da Editora Bertrand, A Condição Feminina (1989) da Imprensa Nacional; Seis Portuguesas em Terras da Unita (1989) da Editora Bertrand. Colaborou em inúmeras publicações e participa regularmente em seminários, colóquios, conferências.
A 25 de Abril de 2005 foi agraciada pelo Presidente Jorge Sampaio, com o grau de Comendadora da Ordem da Liberdade.

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